
Receber um diagnóstico de transtorno psiquiátrico nunca é uma situação fácil, e as primeiras reações comumente são de medo, insegurança e até mesmo frustração. Isso não se restringe ao paciente, já que toda a família está envolvida nesse processo. A sensação é de que o diagnóstico é para a família. Então, como lidar então com esse desafio? Como entender, aceitar e, principalmente, qual a melhor forma de apoiar um ente querido que está passando por isso? Entenda os 5 passos essenciais para apoiar quem você ama.
Importância da família no processo terapêutico
O tratamento de um paciente psiquiátrico não depende apenas de medicação e terapia. Além do fato de que cada caso deve ser pensado singularmente e acompanhado por um profissional, existem uma série de outras questões envolvidas no tratamento. A família desempenha um papel fundamental no suporte emocional deste paciente e toda sua rotina e a participação ativa dos parentes e pessoas mais próximas faz toda a diferença na recuperação.
Os 5 passos para um apoio eficaz e acompanhamento na recuperação junto à família
1 – Escuta ativa
A primeira coisa que você pode fazer nesse momento é escutar. Oferecer seu tempo, sem julgamentos e interrupções. A família pode contribuir muito ao receber e respeitar o que o paciente expressa, ouvir sobre seus medos, reclamações sem interferência. Isso ajuda a combater sentimentos como solidão e incompreensão que muitas vezes acompanham os transtornos psiquiátricos.
2 – Estudo e informação
Compreender o diagnóstico e as opções de tratamento é um passo muito importante para que a família seja realmente um apoio para o paciente. Ajudando a sanar suas dúvidas e incertezas. Além disso, informação é a melhor forma de combater medos e inseguranças, tanto do paciente, quanto das pessoas mais próximas, como a família. Busque sempre a informação em fontes confiáveis e através de profissionais da saúde, evitando equívocos e mal-entendidos.
3 – Diálogo e estabelecimento de limites
Apesar de todo envolvimento e apoio que a família deve oferecer ao paciente, também é necessário uma boa comunicação e estabelecimento de limites. Cuidar da saúde mental e bem estar é fundamental para todas as pessoas, não apenas para os pacientes. Lembre-se sempre que só podemos ajudar quando estamos bem e com condições para isso. Cuide-se para poder cuidar.
4 – Promoção da independência do paciente
Incentivar a autonomia do paciente dentro de suas limitações pode trazer grandes vantagens e avanços no tratamento. Apoiar o paciente em todas as suas conquistas, por menores que elas sejam, ajuda na sua recuperação e autoestima e isso também cria um ambiente mais leve e agradável para toda a família.
5 – Participação nos tratamentos e terapias
Estar presente. Talvez o passo mais fundamental nessa jornada! Seja durante as consultas ou terapias, assim como no dia a dia. Isso ajuda a fortalecer o vínculo entre paciente e cuidadores/familiares, além de permitir uma maior compreensão das necessidades e progressos do paciente.
O papel da família no tratamento psiquiátrico e recuperação do paciente é fundamental, mas também apresenta alguns desafios. O desgaste emocional e até mesmo físico é comum nesta situação, principalmente quando há dificuldades na adesão ao tratamento. Nesse caso é essencial que a família também busque ajuda, seja por meio de terapia, grupos de apoio ou outras orientações profissionais. O paciente precisa sempre ser lembrado que não está sozinho, mas a família também deve se lembrar que está amparada e também precisa de cuidados. Isso fortalece os vínculos e o próprio tratamento.
A família desempenha um papel crucial no tratamento psiquiátrico, pois oferece apoio emocional, estabilidade e ajuda na implementação das terapias, aspectos essenciais para a recuperação de pacientes com transtornos mentais. Um estudo publicado na Revista Brasileira de Psiquiatria em 2017, mostrou que após 6 meses de acompanhamento, os pacientes cujas famílias participaram ativamente do tratamento apresentaram uma redução de 40% nas taxas de recaída, comparados aos pacientes que não tiveram esse tipo de suporte. Além disso, os pacientes do grupo com intervenção familiar demonstraram uma melhora de 35% em suas funções sociais e ocupacionais, sugerindo que o envolvimento familiar não apenas melhora os aspectos clínicos da doença, mas também contribui para a reintegração social dos pacientes. O que reforça a importância da participação familiar para garantir um tratamento psiquiátrico mais eficaz e integrado.
Entenda que cada paciente vive uma realidade e condição específica e seu tratamento levará em consideração todo o seu contexto. Lembre-se sempre que isso deve ser avaliado por profissionais, o que facilitará todo o processo terapêutico, além de sanar as dúvidas do papel da família e pessoas próximas nessa empreitada.
Estudo citado:
LACERDA, A. L. T., & PEREIRA, A. D. M. (2017). Impacto da intervenção familiar no tratamento de pacientes com esquizofrenia: Estudo quantitativo. Revista Brasileira de Psiquiatria, 39(3), 217-223. https://doi.org/10.1590/1516-4446-2016-2053