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‘Dormia com vape; medo de ficar sem desencadeava pânico’

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'Eu dormia com o vape na mão e tinha crises de pânico só de imaginar que ele estava acabando'

A influenciadora digital Chloë Marie Dubois, 22, não percebia a gravidade da dependência em vape até deixar de usá-lo. Cigarro eletrônico é febre entre os jovens

A influenciadora digital Chloë Marie Dubois, 22, usou o TikTok para alertar as pessoas sobre o vício causado pelo vape, dispositivo eletrônico que tem sido uma febre entre os jovens. Ela relatou a complexa abstinência que enfrentou ao parar de usá-lo.

O primeiro contato de Chloë com a nicotina foi por meio do cigarro eletrônico, aos 16 anos. Uma amiga pegou o dispositivo do pai e as duas fumaram juntas escondidas. Em seguida, a influenciadora digital experimentou o cigarro de menta e esse se tornou seu favorito.

“Depois eu fui para o Juul, para o tabaco e voltei para o vape. A vontade de fumar vai se tornando tão frequente que você começa a buscar formas mais fáceis de continuar cultivando o vício”, diz Chloë.

A influenciadora digital relata que usava o cigarro eletrônico por uma série de fatores. O que começou como uma maneira de se sentir descolada entre os amigos também fumantes tornou-se uma válvula de escape para lidar com problemas como a dificuldade em aceitar a própria imagem.

“O vape era maravilhoso porque inibia minha fome. Logo, eu não tinha vontade de comer e conseguia ficar o mais magra possível”, lembra.

A sensação de tranquilidade proporcionada pelo cigarro eletrônico também amenizava os sintomas de Chloë associados a depressão, ansiedade e ao transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH).

Os distúrbios psicológicos foram diagnosticados por um psiquiatra, mas a influenciadora digital não se adaptou ao tratamento medicamentoso. Além de não gostar da sensação que os remédios traziam, as drogas não pareciam necessárias, uma vez que a nicotina amenizava os sintomas.

Chloë relata que o uso do vape aumentou durante a pandemia, mas o auge foi neste ano. “Eu não podia sair de casa sem ele e tinha crises de pânico só de imaginar que estava acabando. Eu dormia com o vape na mão e ficava desesperada se o perdesse na cama. Se eu acordava durante a noite, dava um trago”, conta.

A influenciadora digital lembra de um episódio em que estava em uma festa e o seu vape acabou caindo dentro do vaso sanitário. Ela começou a chorar, desesperada, se perguntando o que iria fumar no resto da noite.

A virada de chave para parar de fumar

O aumento das notícias sobre os prejuízos do vape começaram a deixar Chloë preocupada. O estopim foi quando ela se deparou com o caso de um jovem, com uma idade próxima a sua, que estava com o pulmão coberto de manchas pretas devido ao uso do dispositivo eletrônico.

“No momento que vi uma pessoa, mais nova que eu, que fuma o mesmo tempo ou até menos que eu, e está morrendo em uma cama de hospital por ter o mesmo vício, me perguntei o que eu estava fazendo e quanto tempo eu tinha antes de me tornar aquela pessoa. O quão distante eu estava desse destino?”, refletiu na época.

Chloë decidiu conversar sobre o que estava acontecendo com pessoas próximas e recebeu apoio. Seu namorado propôs que os dois corressem meia maratona juntos, o que faria com que a influenciadora digital precisasse parar de fumar para ter um desempenho melhor.

Sem o vape desde agosto, a influenciadora digital conseguiu completar o desafio agora, em dezembro.

Sintomas de abstinência do vape

“Parar de fumar foi uma das coisas mais difíceis que fiz na minha vida”, declara Chloë. Isso porque ela sentiu sintomas de abstinência que pensava que não iria acontecer, já que acreditava que não era viciada em cigarro eletrônico.

A Associação Médica Brasileira (AMB) explica que o nível de nicotina no vape pode ser maior do que nos cigarros tradicionais e a substância é conhecida por causar dependência química. Logo, ao tentar parar de usar o dispositivo, os sintomas de abstinência surgem.

“A nicotina atua no sistema nervoso central, estimulando a liberação de dopamina, que é relacionada a sensação de prazer e recompensa. Além disso, toda vez que a pessoa consome a substância, o corpo vai desenvolvendo uma tolerância a ela e com isso vai sendo necessário aumentar a quantidade consumida para alcançar o mesmo efeito”, explica a psiquiatra Giovanna Brega Quinet de Andrade, que atua com dependência química na clínica Revitalis.

De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), a nicotina leva de sete a 19 segundos para chegar ao cérebro. Isso faz com que o início do processo de parar de fumar seja o mais difícil, amenizando com o passar do tempo.

“No meio do segundo mês, eu estava surtando. Pensei que estava grávida porque estava tendo crise de pânico e minha menstruação estava atrasada de tão ansiosa que fiquei. Tinha crises de choro desesperadoras. Sentia muita fome, depois não tinha vontade de comer”, lembra.

Os principais sintomas de abstinência, de acordo com o Inca, são:

  • Dor de cabeça;
  • Tontura;
  • Irritabilidade;
  • Alteração no sono;
  • Dificuldade de concentração;
  • Tosse;
  • Indisposição gástrica;
  • Intensa vontade de fumar.

Como aconteceu com a influenciadora digital, pode ocorrer ainda aumento de apetite, oscilação de humor e ansiedade, de acordo com a psiquiatra.

Quais são os prejuízos causados pelo vape?

O pneumologista Felipe Marques da Costa, da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, explica que ainda não se sabe todas as consequências do vape a longo prazo, porque pesquisas sobre o dispositivo eletrônico ainda estão sendo feitas e, consequentemente, novas informações vão surgindo.

“O principal risco a curto prazo é desenvolver lesão pulmonar associada ao uso de e-cigarette ou vaping (Evali), caracterizada por sintomas respiratórios e alterações nos exames de imagem do tórax”, esclarece o especialista.

Pacientes com Evali podem apresentar sintomas como tosse, falta de ar, chiado no peito, problemas gastrointestinais, além de indisposição.

Giovanna Brega Quinet de Andrade reforça que outro perigo em relação ao vape é a sua comercialização proibida no Brasil desde 2009. Ao ser um produto vendido sem fiscalização e autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), não há garantia de que ele é seguro.

“Se o produto não é regulamentado, ele não tem padrão de segurança, de qualidade. Logo, não se sabe quais são as substâncias que estão sendo usadas nele, a procedência e quantidade de cada uma”, detalha a psiquiatra.

A comercialização não regulamentada também abre portas para que jovens e até mesmo crianças usem o dispositivo eletrônico. No Reino Unido, por exemplo, um a cada seis adolescentes faz uso de vape, de acordo com a agência de padrões comerciais de Lancashire.

O que fazer para parar de fumar?

Como Chloë tem feito, o acompanhamento psicológico é fundamental para conseguir parar de fumar. A terapia pode ser associada ao tratamento medicamentoso com reposição de nicotina e remédios que auxiliam nos sintomas da abstinência.

“Grupos de apoio também são estratégias importantes que podem ajudar a pessoa a parar de usar o cigarro eletrônico”, completa Giovanna Brega Quinet de Andrade.

A busca por atividade física regular combinada com uma alimentação saudável também são importantes para a pessoa conseguir lidar com o vício do vape.

Venvanse para estudar? Especialistas falam dos riscos

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O Venvanse tem como princípio ativo a Lisdexanfetamina, sendo um psicoestimulante derivado da anfetamina. Ele é indicado para o tratamento de TDAH e compulsão alimentar. Só que ao ser utilizado sem prescrição médica, pode vir a causar desde alterações no sono, aumento da ansiedade até dependência química

O Venvanse tem como princípio ativo a Lisdexanfetamina, sendo um psicoestimulante derivado da anfetamina. Ele é indicado para o tratamento de TDAH e compulsão alimentar. Só que ao ser utilizado sem prescrição médica, pode vir a causar desde alterações no sono, aumento da ansiedade até dependência química

Uma trend que tem circulado no TikTok reflete um fato importante sobre o Venvanse: ele tem sido usado, cada vez mais, por pessoas que não precisam dele de fato. Nos vídeos virais da plataforma, jovens aparecem estudando, com o medicamento em mãos e o áudio “meu deus, vamos usar drogas!” ao fundo. Sem serem diagnosticados com TDAH ou compulsão alimentar – que são as duas principais indicações do fármaco -, eles buscam o remédio com o intuito de se sentirem mais produtivos. Mas é seguro fazer isso?

Para que seja possível responder essa dúvida, é necessário entender primeiro o que é o Venvanse. Ele é um medicamento que tem como princípio a Lisdexanfetamina, tornando-se, assim, um psicoestimulante derivado da anfetamina.

“Ele é um remédio que vai agir nos mecanismos dos neurotransmissores chamados noradrenalina e dopamina”, explica a psiquiatra Christiane Ribeiro, membro da Comissão de Estudos e Pesquisa em Saúde Mental da Mulher na Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).

De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o uso do Venvanse é recomendado principalmente em dois casos. Ele pode ser escolhido tanto para o tratamento do Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) quanto para o de compulsão alimentar.

Por que o Venvanse é indicado para casos de TDAH e compulsão alimentar?

De acordo com a psiquiatra Júlia Fernandes Eigenheer Muhlbauer, especialista em dependência química na Clínica Revitalis, o aumento de neurotransmissores com o uso do Venvanse, em áreas específicas do cérebro do paciente com TDAH, faz com que seu quadro evolua positivamente.

“Por exemplo, no córtex pré-frontal, os neurotransmissores melhoram a atenção, a concentração e a função executiva”, exemplifica a especialista. Já nos gânglios da base do cérebro, eles contribuem para reduzir a hiperatividade motora, que é outro sintoma importante do TDAH.

Já em relação à compulsão alimentar, Christiane Ribeiro explica que o Venvanse reduz a impulsividade do paciente, além de ajudar a equilibrar o apetite e seu sistema de recompensa cerebral, que está relacionado à busca de prazer.

Os perigos do uso do Venvanse sem prescrição médica

“Para quem não tem o diagnóstico de TDAH, o uso da Lisdexanfetamina não é recomendado, uma vez que os estudos mostram que não vai acontecer nenhuma melhora na produtividade com a medicação para quem não tem, de fato, deficiência no sistema dopaminérgico”, esclarece a especialista.

O efeito, na verdade, tende a ser o oposto. De acordo com a psiquiatra Vanessa Greghi, diretora médica do Instituto de Psiquiatria Paulista (IPP), quem tem dificuldade para se concentrar devido à ansiedade acaba ficando ainda mais agitado com o uso do Venvanse.

“Com o efeito psicoestimulante do medicamento, a pessoa também consegue a privação de sono. Só que a memória precisa do descanso para ser consolidada”, enfatiza a especialista. Logo, a concentração que era para melhorar com o uso do fármaco acaba piorando neste caso.

Segundo Júlia Fernandes Eigenheer Muhlbauer, o uso indiscriminado do remédio ainda pode levar a hipertensão arterial, arritmia cardíaca, convulsões, episódios maníacos e psicóticos em pessoas com predisposição a eles, flutuação emocional e até mesmo depressão.

Em casos mais graves, em que o indivíduo possui predisposição a doenças cardiovasculares, o Venvase pode levá-lo à morte súbita.

O Venvanse pode causar dependência química?

Christiane Ribeiro esclarece que o risco do paciente ter dependência química é baixo quando o Venvanse é usado corretamente. O perigo surge quando ele é utilizado por conta própria, em que a dose diária escolhida não possui nenhum respaldo médico.

“Se usada de forma inadequada, é uma medicação que pode gerar tolerância, nome dado para quando uma pessoa precisa de doses cada vez mais altas para ter o mesmo efeito”, explica Júlia Fernandes Eigenheer Muhlbauer.

Há ainda o risco de que, por ser um remédio que precisa de receita para ser comprado, a pessoa pode acabar recorrendo ao mercado clandestino para adquiri-lo. Nesse caso, não há nenhuma garantia de que o que está sendo comercializado é realmente o Venvanse e não outra droga com um potencial ainda maior de causar dependência química.

O consumo do fármaco com bebida alcóolica também o torna ainda mais perigoso. A Lisdexanfetamina inibe o efeito sedativo do álcool, o que estimula a pessoa a consumi-lo ainda mais.

Janeiro Branco: Atenção com saúde mental e emocional

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Janeiro Branco: campanha pede atenção com saúde mental e emocional

Todos os meses do ano ganham cores para estimular a prevenção e a conscientização sobre uma série de condições de saúde. O Janeiro Branco, por exemplo, é o mês de conscientização da saúde mental e emocional.

Em 2024, a campanha Janeiro Branco completa 10 anos alertando para os cuidados com a saúde mental e emocional da população, a partir da prevenção das doenças decorrentes do estresse, como ansiedade, depressão e pânico.

De acordo com o Ministério da Saúde, as doenças mentais podem ser causadas por uma série de fatores. É o caso, por exemplo, da genética, estresse, abuso de substâncias e traumas.

Nesse rol entram também os transtornos de humor, esquizofrenia e o transtorno bipolar. Todas essas condições podem incapacitar o indivíduo a realizar atividades cotidianas, especialmente as laborais.

Como cuidar da saúde mental

Para especialistas, por ser o primeiro mês do ano, janeiro aponta para a importância de nos dedicarmos a cuidar de nossa saúde mental durante o ano todo. E, nesse sentido, algumas atitudes podem ajudar.

De acordo com o Dr. Sérgio Rocha, psiquiatra e Diretor Técnico da Clínica Revitalis, é possível prevenir alguns tipos de transtornos inserindo algumas atividades na rotina, como caminhar, se alimentar bem e dormir.

“É claro que é uma forma de prevenção. Isso significa diminuir as chances de desenvolver quadros psíquicos. No entanto, existem outros fatores que podem desencadear esses transtornos”, afirma ele.

O psiquiatra listou cinco dicas que podem contribuir para o bem-estar, proporcionando o equilíbrio da saúde mental e, consequentemente, prevenindo problemas maiores e de mais difícil tratamento no futuro. Confira:

Terapia

Fazer psicoterapia é uma “arma” muito importante quando falamos de saúde mental. A grande questão é que a maioria das pessoas só procura ajuda quando já têm um problema, e isso fica claro com o resultado de uma pesquisa recente do Instituto FSB, encomendada pela SulAmérica, que indica que 60% dos brasileiros que fazem terapia começaram durante a pandemia – ou seja, quando se viram diante de uma situação desafiadora para todos.

De acordo com Sérgio, cuidar da saúde mental antes de ter algum transtorno, como forma preventiva, é o ideal. “O tratamento de saúde mental não é limitado a um evento, é um trabalho contínuo, e equilibrá-la durante a vida pode fazer diferença lá na frente”, recomenda o especialista.

Atividade física

Cada vez está mais claro que a prática regular de exercícios físicos contribui para uma vida mais saudável, de diversas formas. As pessoas que se exercitam têm menos chances de desenvolver, por exemplo, depressão e transtornos de ansiedade.

“O hábito de realizar atividades físicas – como caminhar, correr ou outros esportes – é fundamental para equilibrar a saúde mental, além de ser também muito importante para o bem estar de maneira geral”, comenta o especialista.

“Muito se fala sobre os riscos do sedentarismo para o desenvolvimento de hipertensão, diabetes e doenças do coração, mas é importante ter em mente que os riscos para o desenvolvimento de doenças mentais também existem”, alerta o Dr. Rocha.

Alimentação

Comer bem e equilibrar suas refeições ao longo do dia também é uma maneira de cuidar da saúde mental. Uma pessoa que se alimenta mal não está contribuindo para a saúde de uma forma geral, alerta o médico. Aliar uma boa alimentação com outros fatores, tais como exercício, pode aumentar a sensação de bem-estar.

“A alimentação está totalmente ligada a outros hábitos saudáveis, como a própria qualidade do sono, a ingestão de água, etc. Os cuidados nunca são únicos, são em várias frentes, por isso a abordagem deve ser integrada”, recomenda o profissional.

Meditação

Os benefícios da meditação são muitos: a prática reduz o estresse, diminui os sintomas depressivos e ansiosos, melhora a memória e a qualidade do sono e também reduz vícios e compulsões. Além disso, traz benefícios em relação a doenças crônicas.

“Tudo isso está direta ou indiretamente ligado à saúde mental e, por isso, a prática da meditação é uma ótima alternativa para o bem-estar”, afirma o especialista.

Descanso

Tanto a insônia quanto o excesso de sono podem contribuir para o surgimento de algum tipo de doença psíquica, como a ansiedade e até mesmo transtornos por abuso de alguma substância.

“A boa saúde depende diretamente do sono de qualidade, e é por isso que é necessário descansar. Dormir muito ou ter insônia com muita frequência vai diminuir o bem-estar da pessoa. Além disso, pode ser um indicativo que a pessoa esteja com algum transtorno”, afirma o psiquiatra.

Segundo ele, dormir uma média de 8 horas por noite é o ideal para que a pessoa acorde disposta para realizar todas as suas tarefas do dia, e tenha boa qualidade de vida, em todos os aspectos.

Psiquiatra revela 5 técnicas para cuidar da saúde mental

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Psiquiatra revela 5 técnicas para cuidar da saúde mental

Especialista aponta quais atitudes simples do dia a dia podem contribuir para uma saúde mental forte e prevenir transtornos mais sérios.

Uma rotina atribulada e preocupações do dia a dia constantemente ameaçam nosso bem-estar e saúde mental. Mas algumas atitudes relativamente simples podem contribuir para o equilíbrio das emoções.

Uma pessoa que pratica atividades físicas regulares, por exemplo, está prevenindo desde o mau humor até o surgimento de doenças mais sérias. Um exemplo é a depressão, que atinge mais de 20 milhões de pessoas só no Brasil, de acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde).

De acordo com o Dr. Sérgio Rocha, psiquiatra e Diretor Técnico da Clínica Revitalis, é possível prevenir alguns tipos de transtornos inserindo algumas atividades na rotina, como caminhar, se alimentar bem e dormir. “É claro que é uma forma de prevenção. Isso significa diminuir as chances de desenvolver quadros psíquicos. No entanto, existem outros fatores que podem desencadear esses transtornos”, afirma ele.

Pensando nisso, o psiquiatra listou cinco dicas que podem contribuir para o bem-estar, proporcionando o equilíbrio da saúde mental e, consequentemente, prevenindo problemas maiores e de mais difícil tratamento no futuro. Confira:

Terapia

Fazer psicoterapia é uma “arma” muito importante quando falamos de saúde mental. A grande questão é que a maioria das pessoas só procura ajuda quando já têm um problema, e isso fica claro com o resultado de uma pesquisa recente do Instituto FSB, encomendada pela SulAmérica, que indica que 60% dos brasileiros que fazem terapia começaram durante a pandemia – ou seja, quando se viram diante de uma situação desafiadora para todos.

De acordo com Sérgio, cuidar da saúde mental antes de ter algum transtorno, como forma preventiva, é o ideal. “O tratamento de saúde mental não é limitado a um evento, é um trabalho contínuo, e equilibrá-la durante a vida pode fazer diferença lá na frente”, recomenda o especialista.

Atividade física

Cada vez está mais claro que a prática regular de exercícios físicos contribui para uma vida mais saudável, de diversas formas. As pessoas que se exercitam têm menos chances de desenvolver, por exemplo, depressão e transtornos de ansiedade.

“O hábito de realizar atividades físicas – como caminhar, correr ou outros esportes – é fundamental para equilibrar a saúde mental, além de ser também muito importante para o bem estar de maneira geral”, comenta o especialista. “Muito se fala sobre os riscos do sedentarismo para o desenvolvimento de hipertensão, diabetes e doenças do coração, mas é importante ter em mente que os riscos para o desenvolvimento de doenças mentais também existem”, alerta o Dr. Rocha.

Alimentação

Comer bem e equilibrar suas refeições ao longo do dia também é uma maneira de cuidar da saúde mental. Uma pessoa que se alimenta mal não está contribuindo para a saúde de uma forma geral, alerta o médico. Aliar uma boa alimentação com outros fatores, tais como exercício, pode aumentar a sensação de bem-estar.

“A alimentação está totalmente ligada a outros hábitos saudáveis, como a própria qualidade do sono, a ingestão de água, etc. Os cuidados nunca são únicos, são em várias frentes, por isso a abordagem deve ser integrada”, recomenda o profissional.

Meditação

Os benefícios da meditação são muitos: a prática reduz o estresse, diminui os sintomas depressivos e ansiosos, melhora a memória e a qualidade do sono e também reduz vícios e compulsões. Além disso, traz benefícios em relação a doenças crônicas.

“Tudo isso está direta ou indiretamente ligado à saúde mental e, por isso, a prática da meditação é uma ótima alternativa para o bem-estar”, afirma o especialista.

Descanso

Tanto a insônia quanto o excesso de sono podem contribuir para o surgimento de algum tipo de doença psíquica, como a ansiedade e até mesmo transtornos por abuso de alguma substância. “A boa saúde depende diretamente do sono de qualidade, e é por isso que é necessário descansar. Dormir muito ou ter insônia com muita frequência vai diminuir o bem-estar da pessoa. Além disso, pode ser um indicativo que a pessoa esteja com algum transtorno”, afirma o psiquiatra.

Segundo ele, dormir uma média de 8 horas por noite é o ideal para que a pessoa acorde disposta para realizar todas as suas tarefas do dia, e tenha boa qualidade de vida, em todos os aspectos.

Vacina contra fentanil será testada em humanos em 2024

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Vacina contra fentanil será testada em humanos em 2024; como ela funciona?…

Você provavelmente já deve ter se deparado com o nome “fentanil” em alguma notícia recente. É que, nos EUA, esse medicamento – um opioide 100 vezes mais potente que a morfina – tem causado uma verdadeira crise de saúde pública, com mais de 600 mil mortes nas últimas duas décadas causadas pelo excesso de uso dele.

A crise é tão grave que pesquisadores, em artigo publicado no periódico The Lancet, estimam que, até 2029, EUA e Canadá podem ter até dois milhões de mortos por overdose em opioides.

Diante disso, médicos e cientistas tentaram desenvolver novas maneiras de frear o avanço desse tipo de dependência. Uma das alternativas é o desenvolvimento de vacinas específicas para reduzir.

“Esse tipo de vacina tem um efeito protetivo”, explica Rizzieri Gomes, médico cardiologista, focado na mudança do estilo de vida de seus pacientes, de Manaus, no Amazonas. “Ela não previne o abuso, o vício, mas reduz o efeito da substância no cérebro, o que vai diminuir o risco de overdose, de morte”, afirma.

Recentemente, pesquisadores da Universidade de Montana, nos EUA, anunciaram que pretendem iniciar já em 2024 os testes em humanos para uma vacina que protege usuários de heroína e fentanil. Os dados preliminares do estudo foram publicados no periódico NPJ Vaccines.

Desde 2022, uma outra vacina com a mesma finalidade também está sendo desenvolvida na Universidade de Houston.

Psiquiatra revela 5 hábitos para cuidar da saúde mental

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Psiquiatra revela 5 hábitos importantes para cuidar da saúde mental

Especialista aponta atitudes que, quando incorporadas à rotina, contribuem para a saúde mental forte e o equilíbrio das emoções.

Uma rotina atribulada e preocupações do dia a dia constantemente ameaçam nosso bem-estar e saúde mental. Mas algumas atitudes relativamente simples podem contribuir para o equilíbrio das emoções.

Uma pessoa que pratica atividades físicas regulares, por exemplo, está prevenindo desde o mau humor até o surgimento de doenças mais sérias. Um exemplo é a depressão, que atinge mais de 20 milhões de pessoas só no Brasil, de acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde).

De acordo com o psiquiatra Sérgio Rocha, diretor técnico da Clínica Revitalis, é possível prevenir alguns tipos de transtornos inserindo algumas atividades na rotina, como caminhar, se alimentar bem e dormir.

“É claro que é uma forma de prevenção. Isso significa diminuir as chances de desenvolver quadros psíquicos. No entanto, existem outros fatores que podem desencadear esses transtornos”, afirma ele.

Pensando nisso, o psiquiatra listou cinco dicas que podem contribuir para o bem-estar, proporcionando o equilíbrio da saúde mental e, consequentemente, prevenindo problemas maiores e de mais difícil tratamento no futuro.

Terapia

Fazer psicoterapia é uma “arma” muito importante quando falamos de saúde mental. A grande questão é que a maioria das pessoas só procura ajuda quando já têm um problema, e isso fica claro com o resultado de uma pesquisa recente do Instituto FSB, encomendada pela SulAmérica, que indica que 60% dos brasileiros que fazem terapia começaram durante a pandemia – ou seja, quando se viram diante de uma situação desafiadora para todos.

Setembro Amarelo: precisamos falar de prevenção do suicídio

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Por Dr. Sérgio Rocha*

A cada 40 segundos, uma pessoa em algum lugar do mundo tira a própria vida, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). O suicídio é um comportamento extremo, mas que pode ser ignorado. E esta é uma realidade que afeta diversas vidas, independente de raça, gênero, classe ou idade. Como especialista na Clínica Revitalis, afirmo que é nossa responsabilidade, enquanto instituição que cuida da saúde mental das pessoas, apoiar, divulgar e fortalecer causas como a do Setembro Amarelo.

Entendemos que não é suficiente apenas divulgar informações importantes ou apoiar este movimento, mas também fazer parte dessa causa, pois somos liderança neste assunto. É por isso que estamos lançando um e-book sobre o tema, um Guia de Acolhimento para Amigos e Familiares vítimas de suicídio. Queremos contribuir diretamente com essa causa que ajuda a salvar vidas, promove a conscientização, reduz o estigma e oferece apoio, não só aos que sofrem de depressão e outros transtornos, mas também aos familiares e amigos que são diretamente afetados.

Além do lançamento do Guia, este artigo propõe uma rápida conversa sobre a importância de falar sobre a valorização da vida sem estigmatizar ou tratar o assunto como tabu.

Neste sentido, o primeiro passo importante é entender que o ato de tirar a própria vida não é uma escolha simples, mas sim uma manifestação de um profundo sofrimento existencial causado por uma série de outros fatores emocionais. E é preciso entender essa complexidade mental para abordar o tema com empatia e acolhimento.

A partir desse ponto, e partindo dessa premissa, podemos pensar em uma comunicação sensível e compassiva ao abordar o suicídio. Devemos aprender a conversar sobre o assunto, por mais delicado que seja, para que possamos abrir portas para o entendimento através de grupos de apoio junto da família, dos amigos ou até no ambiente de trabalho e outras esferas sociais.

Buscar ajuda profissional é essencial para a prevenção e para o tratamento de qualquer fator que possa afetar a saúde mental. No caso do pensamento suicida, isso é ainda mais urgente e não deve ser renegado ao segundo plano. Se você ou alguém que você conhece está enfrentando essas questões, busque ajuda! Não há nada de errado em pedir socorro.

Por fim, gostaria de falar sobre o luto. Buscar preservar a memória da pessoa que cometeu suicídio, apesar de doloroso, é algo importante. Ao invés de deixar o ato final definir a trajetória das pessoas que amamos, devemos relembrar suas qualidades, sonhos, gostos e afetos. A conscientização da sociedade e ações que incentivam iniciativas e recursos para apoiar àqueles que precisam, devem ser pensadas sempre com respeito e amor.

Esse é um dos legados da Revitalis. Por meio da nossa própria história, hoje conseguimos impactar e ajudar muitas vidas!

“Pensei que podia parar de usar cocaína quando quisesse”

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“Pensei que podia parar de usar cocaína quando quisesse, mas não era verdade” – A auxiliar administrativa Rafaela Arruda, de 25 anos, usou cocaína pela primeira vez aos 16 anos como uma tentativa de fugir da dor que sentia após passar por um relacionamento abusivo.

A auxiliar administrativa Rafaela Arruda, de 25 anos, tinha apenas 16 anos quando usou cocaína pela primeira vez. O que começou com uma curiosidade para saber a sensação que a droga trazia, virou um pesadelo quando ela percebeu que não conseguia parar por vontade própria.

“Na época, as pessoas perguntavam se eu não tinha vontade de largar a cocaína e eu dizia que eu parava quando quisesse, mas não era verdade. Eu não tinha mais controle”, lembra.

O psiquiatra Cirilo Tissot, especialista em dependência química pela Associação Brasileira de Estudos de Álcool e Drogas (ABEAD), explica que a cocaína promove uma liberação intensa de dopamina na região pré-frontal do cérebro, responsável pela motivação e senso de recompensa. Logo, quanto mais a pessoa usa a droga, mais ela quer consumi-la.

“Além disso, o consumo ao longo do tempo desenvolve tolerância ao uso, necessitando de quantidades maiores para se obter o mesmo efeito euforizante da vez anterior”, completa o especialista.

Foi o que aconteceu com Rafaela. “Inúmeras vezes, cheguei a ter princípio de overdose. Eu cheirava, vomitava e voltava a cheirar de novo. Eu falava que eu não tinha medo de morrer”, conta.

Essa consciência sobre a perda do controle que existe em relação ao uso da cocaína é importante para que não se diga que sair das drogas é apenas uma questão de escolha, de força de vontade.

“Existe um circuito químico que faz com que a pessoa não consiga fazer diferente. Há também uma questão comportamental e social em que ela desenvolve um hábito super aprendido, além de um contexto que influencia a continuidade do uso”, explica Cirilo Tissot.

Os gatilhos que a levaram à cocaína

Desde os 14 anos, Rafaela frequentava ambientes de fácil acesso às drogas, escondida dos pais. Foi nessa época que ela fumou maconha pela primeira vez.
Ao engatar em um relacionamento com uma pessoa que também usava a droga, ela acabava fumando todos os dias. Com o tempo, essa relação se tornou abusiva, a ponto de Rafaela apanhar do ex-namorado. “Tive uma trinca na canela por um chute que ele me deu”, relata.

As agressões físicas e psicológicas vividas no relacionamento levaram a auxiliar administrativa ao extremo. No mesmo lugar em que Rafaela começou a fumar maconha, ela usou cocaína pela primeira vez. “Lembro de olhar para mim no espelho e me sentir intocável. Mas é a falsa realidade que a droga passa para você”, conta.

A sensação de ser invencível começou a fazer com que ela saísse cada vez mais para usar cocaína, mesmo com as brigas com seus pais ficando insustentáveis.

“Fui pega cinco vezes pela Denarc. Na última vez, o policial disse que eu iria para a viatura se acontecesse de novo e eu ria da situação. Já estava em um ponto que eu não tinha mais discernimento do que estava fazendo”, lembra.

Rafaela acabou indo morar com uma amiga que também era dependente química, o que só potencializou o uso de cocaína. Nessa época, ela conta que as duas chegavam a utilizar a droga todos os dias da semana.

Segundo a psiquiatra Júlia F. Eigenheer, da clínica Revitalis, a dependência química ocorre quando há uma predisposição genética do indivíduo para usar droga, combinada com fatores ambientais, como disponibilidade da substância de abuso, stress crônico e traumas, como aconteceu com Rafaela.

“Existem evidências da herança genética com relação ao vício de drogas. Mas é importante enfatizar que a dependência de nenhuma substância é determinada 100% geneticamente”, esclarece a especialista.

A gota d’água

Rafaela só decidiu voltar para casa quando soube que a mãe estava procurando-a nos pontos de droga da cidade. Só que depois de dois dias sem usar cocaína, ela teve um surto psicótico. “Eu xingava muito a minha mãe e até acabei machucando a mão dela, porque ela tentava me segurar”, conta.

Isso acontece porque os níveis de dopamina no organismo reduzem depois de um tempo do uso da cocaína, levando a uma depressão de rebote. Consequentemente, a pessoa se sente ansiosa para utilizar a droga novamente e sentir o alívio proporcionado por ela.

O surto de Rafaela fez com que a família precisasse chamar o resgate. “Ao ver meu sobrinho, tive um lapso de sanidade e disse que queria ir para a clínica naquele exato momento”, conta.

30 dias depois de ser internada, ela recebeu a primeira visita da família. “Foi naquele momento que eu entendi que eles me amavam incondicionalmente”, lembra.

Rafaela ficou internada por seis meses e está limpa há quase sete anos.

Fisicamente, a auxiliar administrativa acabou perdendo o olfato de um dos lados do nariz devido ao uso da cocaína. Já psicologicamente, ela se sente mais ansiosa e explosiva. “A ponto de ficar cutucando a minha cabeça até machucar”, conta.

 

A beleza de recomeçar

A força de Rafaela, para não recair na droga, sempre veio da sua família. Há um ano e meio, isso se potencializou quando engravidou do filho Bernardo.

Ela conta que, embora estivesse limpa na época, estava decaindo em comportamento. A auxiliar administrativa estava revoltada, explosiva e bebendo com frequência.

“Não é uma luta diária contra a droga. Mas contra a adicção, que é uma compulsão e obsessão por algo contínuo. Hoje estou em recuperação tanto do meu vício quanto dos meus comportamentos”, explica.

Segundo a psicóloga Renata Carbonel, também da clínica Revitalis, com experiência em dependência química há dez anos, olhar para esses comportamentos é fundamental para uma recuperação mais efetiva.

“Existem características da personalidade do dependente químico que se repetem. Dentro de um tratamento, ele precisa observá-las e promover uma mudança, ou seja, passar a agir de forma que não vá fazer com que ele busque novamente o uso”, explica a psicóloga.

Rafaela teve medo que Bernardo tivesse alguma malformação devido ao cigarro e ao histórico de cocaína, mas ele nasceu saudável.

“Tem dias que só queremos sumir, porque nada parece suficiente para curar a dor que temos. Mas o meu filho é minha força maior para continuar!”, declara.

Mulheres são mais afetadas por algumas doenças; por quê?

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Mulheres morrem menos!

Mulheres vivem mais do que os homens, é fato. A expectativa de vida delas é maior (80,5 anos ante 73,6 para eles) e estudos apontam uma taxa de mortalidade feminina no Brasil menor do que a masculina.

No ano 2000, as taxas brutas de mortalidade no país foram de 5 por mil habitantes para o sexo masculino e 2,2 para o sexo feminino. Em 2010, os números caíram 4,6 e 2,1, respectivamente.

Levantamento recente do Ministério da Saúde aponta que 74,5% dos homens morreram por causas evitáveis em 2012, ante 69,5% de mulheres.

Ao longo dos anos, as principais causas de óbito se repetem:

  • Doenças dos aparelhos circulatório, digestivo e respiratório;
  • Doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas;
  • Doenças infecciosas e parasitárias;
  • Doenças do sistema nervoso;
  • Transtornos mentais;
  • Tumores.

Um dos motivos para a maior longevidade das mulheres é o autocuidado. Médicos e pesquisadores ouvidos por VivaBem falam da maior preocupação delas com a saúde: levam mais a sério os sintomas, fazem exames periódicos e buscam atendimento.

Dados do Programa Longevidade D’Or na unidade Itaim do Hospital São Luiz, em São Paulo, mostram que, do total de idosos inscritos, 66% são do sexo feminino. A faixa etária com mais pacientes matriculados é entre 70 e 79 anos, sendo 88,6% mulheres.

 

Longeva, mas com riscos elevados

Embora as mulheres morram menos, a prevalência de algumas doenças como depressão, Alzheimer e osteoporose é maior entre elas. As razões vão de questões biológicas a estilo de vida.

Biologicamente, o estrogênio é um importante hormônio sexual feminino com efeito protetor para a saúde. Quando ele diminui no organismo com o avanço da idade, deixa as mulheres mais vulneráveis.

Mas a natureza não é a única culpada. Sobrecarga de tarefas, cansaço físico e mental, desigualdades no mercado de trabalho e violências são alguns fatores que tornam o ambiente mais perigoso para a saúde da mulher.

É um fenômeno complexo que envolve discussões estruturais.

O gênero, no geral, define o poder que homens e mulheres vão ter sobre os determinantes socioeconômicos da sua saúde mental e das suas vidas. Luciana Barrancos, gerente executiva do Instituto Cactus.

A seguir, entenda o que ocorre para a maior prevalência de algumas doenças em mulheres.

 

Transtornos mentais

No mundo, a depressão é quase duas vezes mais prevalente em mulheres do que em homens. Elas estão mais sujeitas a alterações hormonais —durante a puberdade, antes e durante a menstruação, na gravidez, pré-menopausa e menopausa—, que podem ser um gatilho para a doença.

O médico Sérgio Rocha, especialista em psiquiatria e fundador da Clínica Revitalis, explica que o estrogênio facilita a atuação de neurotransmissores ligados ao humor e ao bem-estar, como a serotonina.

A redução do hormônio, principalmente após os 40 anos, tem impacto. “Ciclicamente e naturalmente, gera exposição à possibilidade de deprimir, ficar ansiosa, insone, sintomas que são comuns e não necessariamente é depressão”, diz.

Porém, a manutenção desses sintomas por muito tempo somada a fatores genéticos, sociais e ambientais pode deixar a mulher à beira de um transtorno mental.

Mas se uma menor quantidade de estrogênio é fator de risco, por que os homens, que não têm esse hormônio tanto quanto as mulheres, têm taxas menores de depressão?

Pesquisas mostram que, no cérebro masculino, a testosterona é convertida em estrogênio, que pode mediar ações protetoras. E como a testosterona não circula nos homens como o estrogênio nas mulheres, pode haver uma proteção mais consistente neles.

E como o debate do gênero na saúde mental atravessa questões estruturais da sociedade, a mulher está em desvantagem. “Uma a cada cinco mulheres apresentam transtornos mentais comuns, como ansiedade e depressão. Se a gente coloca fator externo, como alta sobrecarga, vai de uma a cada duas mulheres”, destaca Barrancos.

Os dados são de um levantamento do Instituto Cactus em parceria com o Instituto Veredas, lançado em 2021. O material também destaca a dupla opressão para mulheres negras, com preconceitos de gênero e raça afetando a saúde mental delas.

Entre as causas associadas à depressão em mulheres estão:

Violência física e sexual, relatada por quase 30% das meninas entre 15 e 19 anos.
Gravidez na adolescência, que muda a projeção de vida e saúde mental.
Abuso de álcool, que tem levado a mais mortes de mulheres do que de homens.
Baixa escolaridade, sendo que estudantes com depressão têm duas vezes mais chance de evadir a escola.
Transtornos alimentares, que afetam principalmente mulheres e pessoas jovens.
Doenças ósseas
Das diversas doenças ósseas, a osteoporose afeta mais as mulheres do que homens a partir dos 50 anos. Silenciosa e progressiva, ela ocorre pela natural perda de massa óssea com o passar dos anos. O quadro leva a ossos finos, ocos, frágeis e, consequentemente, suscetíveis a fraturas.

Segundo a Fundação Internacional de Osteoporose, a doença acomete aproximadamente 6,3% dos homens e 21,2% das mulheres em todo o mundo.

As fraturas também são reportadas mais por elas do que por eles.

Novamente, a diminuição do estrogênio na menopausa facilita a perda de massa óssea e enfraquece os ossos. “A deficiência estrogênica e, consequentemente a perda óssea, causam um quadro de osteopenia e, posteriormente, de osteoporose”, diz o ortopedista Pedro Tenório, gerente médico da farmacêutica EMS.

Segundo ele, o estrogênio em menor quantidade também pode comprometer as articulações, piorando os sintomas da artrose e da artrite reumatoide, por exemplo.

“Apesar da associação cada vez mais evidente entre este hormônio e a artrite reumatoide, ainda não se conhecem os mecanismos desta relação”, pontua. No caso da artrose, é mais provável afetar o joelho das mulheres do que dos homens.

A redução de danos envolve hábitos saudáveis por toda a vida e reposição hormonal com acompanhamento ósseo por meio do exame de densitometria óssea.

“O exame não é preventivo, precisa ter hipótese para justificar sua realização. Mas a mulher com histórico de osteoporose, jovem com menopausa precoce ou paciente que começou a ter queda de hormônios, seria interessante fazer avaliação”, diz Marcelo Mamede, especialista em medicina nuclear da Clínica Villela Pedras.

 

Doenças cardiovasculares

Mundialmente, as doenças do coração são mais prevalentes em homens. Na juventude, ambos os sexos têm um risco maior de morrer do que pessoas 50+ ao sofrer um evento cardíaco, como infarto.

Mas entre os mais novos, as mulheres são mais propensas a morrer após um ataque cardíaco do que eles, segundo a Federação Mundial do Coração.

A explicação está na própria anatomia do coração feminino:

Mulheres têm um coração menor: não é regra, mas como elas são, geralmente, menores do que os homens, o coração é proporcional.
As artérias do coração da mulher são mais finas: esses vasos sanguíneos responsáveis por nutrir o órgão têm um calibre menor e podem ser mais tortuosos do que os dos homens.
Essas características podem levar a uma capacidade menor de resistir a um evento cardiovascular. Estudos ainda falam de distúrbios relacionados à gravidez e questões socioeconômicas que se relacionam ao risco cardiovascular nelas.

O estrogênio também tem papel nisso. Ele ajuda no controle da pressão arterial, no fluxo sanguíneo e no batimento do coração, mas sua diminuição compromete as artérias e o músculo do coração.

Soma-se ainda a vida mais atribulada das mulheres, que tornam os eventos cardiovasculares mais frequentes. “Nos últimos 30 anos, a taxa de infarto do coração tem sido maior nas mulheres”, comenta o cirurgião cardiovascular Edmo Atique Gabriel, colunista de VivaBem.

Ele conta que tem operado mulheres jovens com mais frequência do que há dez anos. “Elas passaram a ter atividades profissionais e hábitos de vida que exigem muito estresse, muitas horas de desgaste e poucas horas de sono.”

O especialista defende o desenvolvimento de protocolos de saúde cardíaca para mulheres na menopausa e um esforço estrutural de conscientização.

Há um problema de saúde pública que é carência de campanhas de conscientização, principalmente ao público feminino. Focam sempre no câncer ginecológico e de mama, mas se esquecem de elementos anatômicos e fisiológicos que colocam a mulher em risco. Edmo Atique Gabriel, cardiologista e colunista de VivaBem
Sem informação suficiente, as mulheres, quando na menopausa, tendem a menosprezar os riscos cardiovasculares. “Elas falam dos calores, mas não do nível de colesterol, arritmia, como se isso fosse só consequência do envelhecimento”, alerta o médico.

 

Doenças autoimunes

A prevalência de doenças autoimunes vem crescendo com o tempo, o que indica que a genética não é a única e exclusiva causa dessas enfermidades.

“Certamente tem mudança ambiental, exposição, hábito de vida, consumo de produto industrializado que favorecem o aparecimento de doenças autoimunes”, afirma Filipe Sarinho, imunologista e alergologista do Real Hospital Português, no Recife.

Algumas enfermidades acometem mais homens, mas na prevalência geral, fala-se de duas a quatro mulheres para cada homem com doença autoimune. Lúpus, artrite reumatoide e tireoidite de Hashimoto, por exemplo, podem atingir até 70% de mulheres.

Por enquanto, as explicações ficam mais nas hipóteses e teorias do que nas comprovações científicas.

Uma delas sugere que o sistema imunológico da mulher é mais agressivo.
Quando não havia antibióticos e vacinas, a principal função desse sistema era proteger o corpo de infecções e bactérias. No caso da mulher, isso precisaria ser mais potente pelo fato de ela ser capaz de engravidar.

“Nos últimos 50 anos, com mudança de estilo de vida, higiene e uso de antibióticos, é como se o sistema imunológico tivesse perdido seu papel principal. E na falta de patógenos, ele atacaria o próprio corpo”, explica o médico.

Embora homens e mulheres tenham células de defesa iguais, elas seriam mais ávidas e entrariam em ação mais rapidamente no grupo feminino. Estudos corroboram essa hipótese, mas ela tem fragilidades.

Algumas doenças autoimunes têm prevalência na mulher mesmo após a idade fértil (quando não poderia engravidar), com 40, 50 anos. Filipe Sarinho, imunologista e alergologista

Outra hipótese tem a ver com o estrogênio – sempre ele.
O hormônio ativa as células de defesa do corpo, fazendo o sistema imunológico ficar mais alerta e atacar o organismo. Mas a ideia tropeça no fato de que uma reposição do hormônio não está associada ao aumento de doenças autoimunes.

As teorias ainda mencionam o papel do microbioma e do uso indiscriminado de antibióticos. Outro fator seria o cortisol: pessoas estressadas, com privação de sono e nutricional, têm nível mais elevado desse hormônio, o que propicia alterações no sistema imunológico.

“A principal questão das doenças autoimunes é que são multifatoriais. Não é um único gene, são vários; não é um único fator ambiental nem hormonal provavelmente”, reforça Sarinho, que fala do alto grau de complexidade para compreender essas enfermidades.

 

Doenças neurológicas

As explicações para a maior prevalência de uma ou outra doença neurológica em mulheres também são hipotéticas. Enquanto a doença de Alzheimer e a esclerose múltipla afetam mais elas, a doença de Parkinson é mais vista neles. Aqui, vamos nos concentrar na primeira.

No Alzheimer, em que dois terços dos pacientes são do sexo feminino, a genética é responsável por 60% dos casos. Estudos mostram que algumas dessas mulheres têm uma mutação vinculada ao gene APOE4, ligado ao desenvolvimento da doença.

“Quando uma mulher tem essa mutação, ela tem um risco até 12 vezes maior do que os homens que têm a mutação”, diz a neurologista de Curitiba Karen Socher, integrante do Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento da Faculdade de Medicina da USP.

A menopausa também poderia ter influência, segundo as teorias:

Socher vê na prática que já na pré-menopausa, as mulheres têm uma tendência maior ao esquecimento pela desregulação hormonal.

Acredita-se que na menopausa, as células de defesa do cérebro não agem de forma adequada contra as proteínas ligadas ao Alzheimer e geram neuroinflamação.

Estudos já sugeriram que reposição hormonal pode reduzir o risco de Alzheimer, mas nada conclusivo ainda. O tratamento também não teria efeito imediato, porque o acúmulo das proteínas ligadas à doença ocorre de dez a 15 anos antes dos sintomas.

Em termos socioambientais, a neurologista cita um estudo com primatas em que o estresse é gerado em situações pontuais nos machos, como para caçar e prover alimento. Já a fêmea está continuamente alerta quanto aos cuidados com a prole e o entorno, mantendo constantemente alto o nível de cortisol (o “hormônio do estresse”).

É um conjunto de coisas. A mulher tem estresse maior, escolaridade baixa, sofre violências, tem estudo mostrando que os hormônios influenciam na maturação cerebral e na rede de conexão de neurônios. Karen Socher, neurologista.

 

Mulheres sem escapatória?

Se você chegou até aqui, pode pensar que as mulheres estão condenadas pela natureza. Mais ou menos.

Apesar de não conseguir controlar plenamente as influências naturais e biológicas, é possível reduzir danos com cuidados que envolvem alimentação saudável e prática de exercícios físicos ao longo da vida.

Mas é importante lembrar das mulheres que não têm acesso ao básico, o que demanda reivindicar políticas públicas amplas de cuidado, como combate à violência, acesso à educação e inclusão laboral.

Mais de 15% dos brasileiros se sentem infelizes e deprimidos

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Brasileiros se sentem infelizes e deprimidos

Mulheres, jovens, desempregados e transsexuais estão com a saúde mental mais abalada do que a população em geral, sugere um novo indicador.

Renda, situação profissional, orientação sexual, gênero e relações familiares são os fatores que mais influenciam a saúde mental dos brasileiros, de acordo com uma pesquisa inédita divulgada nesta sexta-feira, 4. O estudo, realizado pelo Instituto Cactus e pela Atlas Intel, contou com a participação de 2.248 indivíduos acima de 16 anos, de todas as regiões do país. Os participantes responderam questionários online entre janeiro e fevereiro de 2023.

Do total, 62% não usam serviços de apoio à saúde mental e só 5% fazem psicoterapia. Entretanto, cerca de 16% da população relatou estar tomando medicação para problemas emocionais, comportamentais ou relacionado ao uso de substâncias. A grande maioria (77,7%) faz esse uso há mais de um ano.

O trabalho apresenta um novo índice de saúde mental, o iCASM. É uma espécie de nota, que vai de zero a 1.000 pontos, considerando diversos aspectos que influenciam na saúde mental e na qualidade de vida de uma pessoa.

Em sua primeira edição, o resultado geral ficou em 635 pontos. Entre os públicos com piores notas, estão os desempregados (com 494 pontos), mulheres (600), jovens (534), pessoas trans (445) e gays (576).

 

Método para medir a saúde mental

O novo indicador, batizado de Índice Instituto Cactus-Atlas de Saúde Mental (iCASM), analisa aspectos, hábitos e situações da vida, como renda, nível de atividade física, relacionamentos interpessoais, entre outros.

Para calculá-lo, os especialistas aplicaram um questionário usado internacionalmente em avaliações de saúde mental, em uma amostra da sociedade considerada representativa.

As respostas foram então agrupadas em três dimensões: confiança, vitalidade e foco.

Confiança reflete a autoestima e a segurança do indivíduo sobre seu papel na sociedade. Vitalidade diz respeito à disposição e à capacidade de ação para superar desafios e adversidades.

Por fim, foco consiste na habilidade de se relacionar com o entorno de forma produtiva: conseguir se concentrar, tomar decisões e realizar as atividades rotineiras.

O novo índice considera uma escala que vai de zero a 1.000 pontos, sendo calculado a partir da média dos resultados obtidos em cada uma das três dimensões anteriores.

Por exemplo: um participante ou um segmento de avaliados que tenham recebido um resultado próximo a mil seria associado ao máximo de foco, vitalidade e confiança possível de se declarar no contexto do questionário de saúde geral.

Na outra ponta, um indicador próximo a zero, por exemplo, descreveria um abalo muito significativo na saúde mental e na qualidade de vida.

A gerente-executiva do Instituto Cactus, Luciana Barrancos, explica que a nova metodologia permite um acompanhamento sistemático e global da saúde mental da população.

“O número representa um ponto de referência para acompanhar e comparar diferentes demografias e hábitos de vida ao longo do tempo. O iCASM não é um diagnóstico, não é um índice de felicidade e não substitui uma avaliação clínica. A ideia é usar esses três eixos para conseguir chegar a um número único, como o da inflação, por exemplo, que seja simples e fácil de entender”, diz Luciana.

Os pesquisadores estabeleceram estes primeiros resultados como o início de uma série histórica inédita, que será reproduzida a cada seis meses.

 

Brasileiros sob tensão

Em sua primeira edição, o resultado do iCASM ficou em 635 pontos para o 1º trimestre de 2023.

Em geral, os brasileiros se declaram confiantes, com 60% afirmando ter segurança em si mesmo. No entanto, uma parcela significativa da população relata ter perdido a confiança em si (17%) e até se considera uma pessoa inútil (17%).

Quase um quarto dos respondentes se sentem constantemente esgotado e sob pressão acima do costume. Um quinto deles (21%) perde o sono frequentemente e ter a sensação de que não podem superar suas dificuldades.

Enquanto isso, 17% disseram ter se sentido muito mais infeliz e deprimido do que usualmente. Um quarto dos participantes acima de 16 anos relatou perda de concentração nas semanas anteriores ao levantamento.

Indivíduos que afirmaram ter relações saudáveis com familiares e amigos se saíram melhor no índice. Por outro lado, aqueles que relataram brigas nas semanas anteriores à pesquisa tiveram uma das piores pontuações (370 pontos) entre todas as categorias analisadas.

Outro fator observado foi a prática de esportes. O índice de quem não pratica atividade física ficou em 580, chegando até 722 para o grupo que se exercita três ou mais vezes por semana.

No recorte por faixa etária, os mais jovens têm pontuações mais baixas, sendo que os indivíduos até 24 anos apresentam um iCASM de 534 pontos, 105 pontos abaixo da média entre as faixas etárias.

 

Desigualdade social

Quase 9 em cada 10 respondentes se preocuparam com a sua situação financeira ao longo das últimas duas semanas à pesquisa.

A análise mostrou ainda pontuações mais baixas entre desempregados (494 pontos), 186 pontos abaixo dos assalariados.

Da mesma forma, a renda fez diferença. Indivíduos com rendimentos acima de R mil ao mês alcançam 737 pontos, enquanto aqueles que ganham até R mil marcam 576 pontos.

Questões de gênero e orientação sexual
Os homens tiveram um desempenho melhor do que o das mulheres no levantamento, com iCASM médio de 672 pontos, frente aos 600 pontos delas.

Contudo, a psicóloga Karen Scavacini, da Associação Brasileira de Estudos e Prevenção do Suicídio (ABEPS), pontua que a comparação entre gêneros deve ser feita com cautela.

Segundo a especialista, os achados não necessariamente indicam que os homens tenham mais saúde mental, mas que, em grande parte dos casos, eles deixam de manifestar ou de buscar ajuda especializada devido a questões culturais.

“O resultado pode apontar questões sobre o cuidado masculino com a saúde como um todo e também sobre a consciência do próprio sofrimento emocional”, diz Karen.

Por outro lado, a psicóloga enfatiza que a forma como a sociedade brasileira se estrutura favorece o desenvolvimento de transtornos mentais, como depressão e ansiedade, por mulheres.

“Os homens recebem salários maiores e não vivem a tripla jornada da mulher. Além disso, eles têm mais acesso a empregos e uma série de facilidades. São menos expostos à violência marital e têm uma menor consciência sobre a saúde mental”, afirma.

A opinião é compartilhada pelo diretor regional sudeste da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), Eduardo Birman. “Por mais que nós tenhamos avançado muito na questão da igualdade de gênero, o Brasil ainda é um país de características bastante machistas”, afirma o psiquiatra, que também atua como diretor técnico na Clínica Revitalis.

“Mulheres tendem a ser mais sinceras quando falam das suas emoções e problemas. Os homens tentam resistir mais às questões psíquicas, achando que não devem compartilhá-las”, completa Birman.

O estudo apontou ainda que pessoas trans, gays e bissexuais apresentam pontuam menos em fatores ligados à qualidade de vida quando comparadas a indivíduos cisgêneros e heterossexuais.

O indicador da população trans ficou em 445 — um dos mais baixos entre todos os grupos demográficos — frente aos 638 pontos do grupo cis (que se identifica com o sexo designado no nascimento).

Os que se declaram heterossexuais alcançaram 665 pontos frente a 576 do grupo que se identifica como homossexual. Pessoas identificadas com outras orientações sexuais tiveram pontuações ainda mais baixas.

“Diversos fatores influenciam a saúde mental dessa população, como a violência, o espaço de trabalho, os relacionamentos sociais, o local de pertencimento dentro de uma sociedade e o acesso aos serviços de saúde, incluindo os de saúde mental”, diz Karen.

 

Só 5% fazem terapia

Chama a atenção dos especialistas o dado de que, apesar de 16% dos respondentes tomarem medicação psiquiátricas de uso contínuo, sendo a grande maioria há mais de um ano (77,7%), somente 5% relatem fazer fazer psicoterapia.

“O índice é baixo. Existe ainda na sociedade um preconceito sobre o sofrimento psíquico. A sociedade ainda olha para os profissionais de saúde mental como pessoas às quais só vamos recorrer se estivermos doentes, com fraqueza de caráter ou pouca força de vontade”, diz Birman.

O psiquiatra destaca que os riscos do negligenciamento do cuidado com a saúde mental incluem o agravamento de condições que podem ser tratadas e o desenvolvimento de novos transtornos.

“Ninguém tem problema de fazer check-up clínico. Eu me pergunto por que as pessoas, em um momento de dificuldade emocional, não buscam uma avaliação para saber o que podem fazer para melhorar aquela situação antes que aconteça a doença em si”, afirma o psiquiatra.

 

Estudo contínuo

A expectativa dos pesquisadores é de que os dados sejam utilizados como referência para a formulação de políticas públicas em busca de melhorias para a área da saúde mental. E que os dados sejam atualizados com edições periódicas, permitindo o acompanhamento de longo prazo dos brasileiros.

“Desde o início do projeto, fiquei entusiasmado com a possibilidade de iniciarmos um monitoramento periódico, sistemático e exaustivo da saúde mental dos brasileiros, que possa ancorar políticas públicas e o trabalho das autoridades e do terceiro setor em dados e evidências científicas com atualização semestral”, diz Andrei Roman, CEO da AtlasIntel.

O estudo contou com a supervisão de um comitê científico independente e a aprovação de um comitê de ética.

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