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Venvanse para estudar? Especialistas falam dos riscos

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O Venvanse tem como princípio ativo a Lisdexanfetamina, sendo um psicoestimulante derivado da anfetamina. Ele é indicado para o tratamento de TDAH e compulsão alimentar. Só que ao ser utilizado sem prescrição médica, pode vir a causar desde alterações no sono, aumento da ansiedade até dependência química

O Venvanse tem como princípio ativo a Lisdexanfetamina, sendo um psicoestimulante derivado da anfetamina. Ele é indicado para o tratamento de TDAH e compulsão alimentar. Só que ao ser utilizado sem prescrição médica, pode vir a causar desde alterações no sono, aumento da ansiedade até dependência química

Uma trend que tem circulado no TikTok reflete um fato importante sobre o Venvanse: ele tem sido usado, cada vez mais, por pessoas que não precisam dele de fato. Nos vídeos virais da plataforma, jovens aparecem estudando, com o medicamento em mãos e o áudio “meu deus, vamos usar drogas!” ao fundo. Sem serem diagnosticados com TDAH ou compulsão alimentar – que são as duas principais indicações do fármaco -, eles buscam o remédio com o intuito de se sentirem mais produtivos. Mas é seguro fazer isso?

Para que seja possível responder essa dúvida, é necessário entender primeiro o que é o Venvanse. Ele é um medicamento que tem como princípio a Lisdexanfetamina, tornando-se, assim, um psicoestimulante derivado da anfetamina.

“Ele é um remédio que vai agir nos mecanismos dos neurotransmissores chamados noradrenalina e dopamina”, explica a psiquiatra Christiane Ribeiro, membro da Comissão de Estudos e Pesquisa em Saúde Mental da Mulher na Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).

De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o uso do Venvanse é recomendado principalmente em dois casos. Ele pode ser escolhido tanto para o tratamento do Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) quanto para o de compulsão alimentar.

Por que o Venvanse é indicado para casos de TDAH e compulsão alimentar?

De acordo com a psiquiatra Júlia Fernandes Eigenheer Muhlbauer, especialista em dependência química na Clínica Revitalis, o aumento de neurotransmissores com o uso do Venvanse, em áreas específicas do cérebro do paciente com TDAH, faz com que seu quadro evolua positivamente.

“Por exemplo, no córtex pré-frontal, os neurotransmissores melhoram a atenção, a concentração e a função executiva”, exemplifica a especialista. Já nos gânglios da base do cérebro, eles contribuem para reduzir a hiperatividade motora, que é outro sintoma importante do TDAH.

Já em relação à compulsão alimentar, Christiane Ribeiro explica que o Venvanse reduz a impulsividade do paciente, além de ajudar a equilibrar o apetite e seu sistema de recompensa cerebral, que está relacionado à busca de prazer.

Os perigos do uso do Venvanse sem prescrição médica

“Para quem não tem o diagnóstico de TDAH, o uso da Lisdexanfetamina não é recomendado, uma vez que os estudos mostram que não vai acontecer nenhuma melhora na produtividade com a medicação para quem não tem, de fato, deficiência no sistema dopaminérgico”, esclarece a especialista.

O efeito, na verdade, tende a ser o oposto. De acordo com a psiquiatra Vanessa Greghi, diretora médica do Instituto de Psiquiatria Paulista (IPP), quem tem dificuldade para se concentrar devido à ansiedade acaba ficando ainda mais agitado com o uso do Venvanse.

“Com o efeito psicoestimulante do medicamento, a pessoa também consegue a privação de sono. Só que a memória precisa do descanso para ser consolidada”, enfatiza a especialista. Logo, a concentração que era para melhorar com o uso do fármaco acaba piorando neste caso.

Segundo Júlia Fernandes Eigenheer Muhlbauer, o uso indiscriminado do remédio ainda pode levar a hipertensão arterial, arritmia cardíaca, convulsões, episódios maníacos e psicóticos em pessoas com predisposição a eles, flutuação emocional e até mesmo depressão.

Em casos mais graves, em que o indivíduo possui predisposição a doenças cardiovasculares, o Venvase pode levá-lo à morte súbita.

O Venvanse pode causar dependência química?

Christiane Ribeiro esclarece que o risco do paciente ter dependência química é baixo quando o Venvanse é usado corretamente. O perigo surge quando ele é utilizado por conta própria, em que a dose diária escolhida não possui nenhum respaldo médico.

“Se usada de forma inadequada, é uma medicação que pode gerar tolerância, nome dado para quando uma pessoa precisa de doses cada vez mais altas para ter o mesmo efeito”, explica Júlia Fernandes Eigenheer Muhlbauer.

Há ainda o risco de que, por ser um remédio que precisa de receita para ser comprado, a pessoa pode acabar recorrendo ao mercado clandestino para adquiri-lo. Nesse caso, não há nenhuma garantia de que o que está sendo comercializado é realmente o Venvanse e não outra droga com um potencial ainda maior de causar dependência química.

O consumo do fármaco com bebida alcóolica também o torna ainda mais perigoso. A Lisdexanfetamina inibe o efeito sedativo do álcool, o que estimula a pessoa a consumi-lo ainda mais.

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